O que é relacionamento monogâmico?
A monogamia é a forma de se relacionar onde o casal se envolve apenas entre si, há exclusividade, fidelidade e acordos a serem cumpridos. Qualquer terceira pessoa na relação é vista como traição.
A monogamia é mais que uma espécie de relacionamento, é um regime social. Atualmente muito questionado, visto que a monogamia não protege a pessoa de uma traição.
Toda a base de construção da nossa história foi desenhada pela família monogâmica, nuclear, onde havia pai, mãe e filhos. Era a única forma de ter um relacionamento romântico. Relacionamentos pautados nos felizes para sempre, era o que os contos de fadas incentivavam.
A monogamia é vista como normal, é mais aceita socialmente e culturalmente. É como ouvimos histórias de como os nossos avós e avôs se conheceram e se casaram, ficando juntos até o fim dos seus dias e tiveram mais de dois filhos. As famílias grandes eram mais comuns e o matrimônio era para sempre.
A ideia de casar para sempre com alguém, de manter o juramento “até que a morte nos separe” atrai algumas pessoas e repele outras, ainda vivemos em uma sociedade que valoriza muito o matrimônio e idealiza o par perfeito, a pessoa que te completará. Graças aos contos de fadas e aos desenhos da Disney, temos uma ideal de par ideal que por vezes pode ser inatingível e até mesmo frustrante.
Muitas pessoas por anos seguiram a monogamia compulsória, ou seja, em caráter obrigatório, pois era a forma mais aceita na sociedade. O que nos leva a entender que a monogamia não contempla a todos.
Mas com o tempo e a modernidade passaram a surgir novas formas de se relacionar, e começamos a dar nomes a elas. Poliamor, não monogamia, relacionamento aberto, trisal. Esses são modelos que prezam pela liberdade, apesar de também possuírem regras.
A crítica sobre a monogamia vem justamente das questões ansiogênicas e controladoras que vem junto com ela, além de ver a mulher como propriedade.
Mas precisamos entender que o que é bom para um, para outro pode ser ruim. Não há uma forma certa ou errada de se relacionar, há apenas formas de se relacionar. E cada um deve seguir a forma que mais se encaixa.
No amor não é uma receita de bolo, as formas de amar são múltiplas.
Qual a diferença entre relacionamento aberto e não monogamia?
O relacionamento aberto é um tipo de relacionamento não monogâmico onde há um casal que se envolve romanticamente e sexualmente entre os dois, mas eventualmente tem parceiros sexuais ou afetivos.
No relacionamento aberto há acordos entre o casal que podem variar, respeitando os limites e interesses dos dois. Portanto, há um limite quanto à liberdade do outro dentro da relação.
Inclusive existem outros tipos de não monogamia:
Existem os swingers: fazer troca de casais, em locais específicos em momentos específicos, mas mantém o relacionamento fechado. Os membros só podem fazer sexo com outra pessoa com o parceiro ou parceira presente.
Poliamor: no poliamor a pessoa tem mais de uma relação amorosa, isso mesmo, se relaciona afetivamente e sexualmente com mais de uma pessoa, num relacionamento sério. Para isso é importante ter muita comunicação e expressar bem os sentimentos. Dentro do poliamor existem relações hierárquicas e não hierárquicas, que envolve uma relação principal ou parceiros em igualdade.
Como saber se sou monogâmico?
Como a monogamia é um modelo tradicional de relacionamento e comum, é mais fácil identificar quem é monogâmico:
- Se você se sente bem tendo uma relação exclusiva com uma pessoa
- Se você sente ciúmes da pessoa com quem está
- Se você consegue se relacionar apenas com uma pessoa de cada vez
- Quando você se apaixona por alguém, quer apenas aquela pessoa
- Se você não se imagina tendo uma terceira pessoa no relacionamento ou não sente vontade
- Se funciona mais para você os modelos tradicionais de relacionamento
- Se você não se sente bem ao imaginar seu parceiro ou sua parceira com outra pessoa
Quando surgiu a monogamia?
Alguns biólogos acreditam que a monogamia surgiu na Era das Cavernas entre os bípedes há 4,5 milhões de anos atrás. No entanto, o hábito da união conjugal se tornou regra somente entre os homo sapiens, entre 10 a 20 mil anos atrás.
Na Idade Média, com o advento da igreja católica e o incentivo aos matrimônios, a monogamia se tornou o modelo mais difundido na sociedade. Tanto que os colonos portugueses replicaram esses costumes no Brasil, incentivando casamentos entre os indígenas e os homens brancos.
A monogamia surgiu para facilitar a criação da prole, contribuindo para a reprodução humana. Era uma questão de sobrevivência.
Apenas 5% a 8% dos mamíferos são monogâmicos, possuindo um parceiro fixo para a vida toda.
Como funciona a poligamia?
Poligamia é um sistema social onde o homem pode ter mais de uma mulher, em algumas culturas a mulher também pode ter mais de um marido. Mas é mais comum o primeiro modelo. Quando uma mulher que se casa com dois homens ou mais é chamado de poliandria. Esses sistemas envolvem uma relação de dominância sob um gênero, geralmente o dominante é o masculino.
Poligamia é diferente de traição, pois ambos sabem da existência de outros casamentos e tem consciência deles. Em algumas religiões a poligamia é incentivada e permitida, em alguns países a poligamia é aprovada pela lei.
Como saber se você é poligâmico?
Poligamia implica em um casamento com uma ou mais pessoas, portanto, uma pessoa poligâmica:
- Não se sente à vontade com as normas tradicionais
- Sente atração física e afetiva por mais de uma pessoa
- Se sente bem tendo mais de uma parceira ou parceiro sexual
- Não se satisfaz com apenas um parceiro ou parceira sexual
Poligamia é crime?
No Brasil, não há uma legislação direta para a poligamia, porém há um artigo sobre bigamia, ou seja, ter dois casamentos ao mesmo tempo.
Ele se encontra no código penal brasileiro, na parte de crimes contra a família, mais especificamente em crimes contra o casamento.
Art. 235 – Contrair alguém, sendo casado, novo casamento: Pena – reclusão, de dois a seis anos.
- 1º – Aquele que, não sendo casado, contrai casamento com pessoa casada, conhecendo essa circunstância, é punido com reclusão ou detenção, de um a três anos.
- 2º – Anulado por qualquer motivo o primeiro casamento, ou o outro por motivo que não a bigamia, considera-se inexistente o crime.
Portanto no Brasil a poligamia é considerada crime.
Em quais países a poligamia é permitida?
- Arábia Saudita: Na Arábia Saudita a poligamia não é crime, na verdade, é uma prática comum. O homem pode casar com mais mulher, contanto que as trate com equidade.
- Tanzânia: nesse país também é legalizada a poligamia, no entanto, na hora do casamento o casal deve indicar o que pretende ser, monogâmico, poligâmico ou potencialmente poligâmico.
- Estados Unidos da América: nos Estados Unidos a poligamia é proibida, porém, algumas religiões dentro do país a incentivam. Acredita-se que o homem que tem muitas esposas chegará ao céu.
- Sudão: no país a poligamia é incentivada. O presidente do Sudão incentivou vários casamentos para aumentar o número de pessoas no país. Inclusive, no Sudão apenas os homens podem escolher se divorciar.
- Nepal : no Nepal a poligamia é crime, mas em algumas tribos as mulheres possuem mais de um marido. Observa-se um caso de poliandria. Isso acontece por questões econômicas de divisão de terras.
Apesar de serem muito diferentes da nossa cultura, essas culturas devem ser respeitadas.
A não monogamia não é uma forma de evitar compromisso, afinal, ela também envolve ajustes. As pessoas que escolhem a não monogamia não estão confusas, é um estilo de vida muito válido. A não monogamia não é promiscuidade, nem um transtorno. As relações abertas não acontecem somente entre pessoas jovens, pessoas casadas há anos podem se envolver em relações não monogâmicas. Para as pessoas que vivem em não monogamia não existe par ideal, existem pessoas que podem contemplar características que elas admiram em um parceiro ou parceira.
Existem várias formas de amar, várias formas de sentir e se relacionar com outras pessoas. Tradicionalmente acreditava-se que existia apenas a monogamia, mas a monogamia não garante a fidelidade completa e absoluta. Portanto, é melhor ser sincero (a) com o (a) parceiro (a) e conversar sobre a atração que sente por outras pessoas.Ninguém pode julgar a forma de amar do outro. Se a pessoa se sente bem num trisal, se sente bem com seu marido saindo com outras mulheres, não é da conta de ninguém, cada um deve ter liberdade para viver sua vida como se sente bem, sem magoar ninguém no meio do caminho. O importante em qualquer tipo de relação é o respeito, honestidade, cuidado, zelo com o outro.